A relação entre cartão de crédito e endividamento no Brasil

07/12/2023

Economia

A relação entre cartão de crédito e endividamento no Brasil

O ano de 2023 chega ao fim com boas notícias para a economia brasileira. Entre elas, podemos destacar o crescimento do PIB acima do esperado para o terceiro trimestre, o nível de consumo das famílias e a queda do endividamento no Brasil.

Em novembro, dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostram que a proporção de famílias endividadas no País chegou ao menor nível desde janeiro de 2022. Essa evolução é essencial para aquecer as vendas de fim de ano. Ainda assim, três em cada quatro lares brasileiros continuam com alguma dívida.

Nesse sentido, temos um grande obstáculo para uma queda do endividamento mais substancial: a falta de controle sobre os gastos com cartão de crédito. Entenda melhor essa relação a seguir.

A queda do endividamento no Brasil em 2023

São cinco meses consecutivos de retração do endividamento das famílias no Brasil, como indica a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da CNC. Na transição entre outubro e novembro deste ano, o índice caiu de 76,9% para 76,6%. Além disso, a proporção de inadimplentes também registrou queda, de 29,7% para 29%.

Esse desempenho está diretamente relacionado à menor taxa de desemprego desde 2015, de 7,6% no trimestre terminado em outubro deste ano, segundo o IBGE, e ao aumento real na renda dos brasileiros ao longo de 2023.

Outro fator crucial para a redução do endividamento no Brasil foi o programa Desenrola, do Governo Federal. Ele já beneficiou 10,7 milhões de brasileiros com a renegociação de R$ 29 bilhões em dívidas, de acordo com o Ministério da Fazenda. O sucesso do programa foi tanto que o Governo vai prorrogá-lo por mais três meses, estendendo-o para o primeiro trimestre de 2024.

Enquanto isso, Santa Catarina caminha em sentido contrário ao panorama nacional. Até setembro deste ano, a Fecomércio SC aponta uma sucessiva alta do endividamento dos catarinenses, chegando à marca de 77,6% das famílias no Estado.

Leia também: Panorama da economia catarinense no fim de 2023

Três em cada quatro famílias brasileiras permanecem endividadas, mas com ligeira melhora. (Foto via Freepik)

Os gastos dos brasileiros com o cartão de crédito

A principal fonte de dívida dos brasileiros ainda é o cartão de crédito. De acordo com os números da CNC, 87,7% dos endividados têm despesas nesse meio de pagamento.

Diante desse cenário, é interessante olhar para uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise, para entender melhor como os brasileiros usam o cartão de crédito.

Os dados revelam que 78% dos entrevistados utilizaram essa opção de pagamento nos últimos 12 meses até a realização da pesquisa. Desse total, 69% têm gastos mensais com o cartão de crédito, enquanto 23% compram com ele a cada dois ou três meses.

Para os brasileiros, a principal vantagem dessa escolha é poder parcelar as compras, fator indicado por 48% dos respondentes. Tanto que quase o mesmo número de consumidores (45%) admitem usar o cartão de crédito quando não possuem dinheiro para pagar à vista.

Os itens mais comprados com cartão de crédito são:

Além disso, o e-commerce é um estímulo a mais aos gastos dos brasileiros com o cartão de crédito. Metade do público recorre a essa opção na hora de comprar pela internet.

Leia também: Veja as tendências do varejo e consumo em alta para 2024

Falta de controle do cartão de crédito prejudica as finanças

O fato de o cartão de crédito ter a maior participação no endividamento no Brasil torna-o um vilão da finança familiar? Não exatamente.

Por um lado, o acesso a crédito é fundamental para o consumidor. Isso é o que ressalta José César da Costa, presidente da CNDL, quando diz que “o crédito é um instrumento que alavanca a economia, ampliando o bem-estar dos consumidores e as receitas dos lojistas, desde que usado com consciência e planejamento”.

Por outro lado, os juros rotativos em valor exorbitante e a falta de educação financeira de muitos brasileiros levam ao aumento das dívidas. Não à toa, o Governo Federal aprovou em outubro de 2023 o projeto para limitar tais juros.

Já em relação ao segundo ponto, a pesquisa de CNDL, SPC Brasil e Offerwise aponta que 55% dos consumidores não controlam os gastos mensais com cartão de crédito. Mais preocupante ainda é que 80% do público que caiu no rotativo do cartão não sabe a taxa de juros mensal cobrada. Esse desconhecimento impede que o método de pagamento seja utilizado com consciência e planejamento, conforme salientou Costa.

Portanto, a redução do endividamento no Brasil depende igualmente da maior educação financeira entre os consumidores.

Quer saber mais sobre a relação dos brasileiros com as finanças? Baixe agora o estudo “O brasileiro e a casa em 2024” para ver outros dados a respeito.

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