Livros no Brasil: pesquisa revela hábito de leitura no País

18/12/2023

Educação

Livros no Brasil: pesquisa revela hábito de leitura no País

Em um país com 203,1 milhões de habitantes, segundo o Censo 2022 do IBGE, apenas 16% das pessoas acima de 18 anos compraram livros nos últimos 12 meses. Esse é o retrato do consumo de livros no Brasil em 2023 apresentado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), em pesquisa realizada pela Nielsen BookData.

São 25 milhões de consumidores no mercado nacional, de acordo com o “Panorama do Consumo de Livros”. Desse total, 74% fizeram a compra de livros mais recente no último trimestre. Mas quem é esse público leitor no País? E por que não temos mais pessoas interessadas pela leitura?

Vamos analisar essas duas questões, apresentando o perfil de quem tem o hábito da leitura no Brasil e quais são os motivos dados por quem não lê. Como veremos, o problema é cultural, acima de tudo.

Acompanhe os destaques da pesquisa da CBL com o Negócios SC!

Quem tem o hábito de leitura no Brasil?

Os compradores de livros no País estão distribuídos proporcionalmente às diferentes faixas etárias. Portanto, a idade não é um fator determinante para sabermos quem lê ou deixa de ler. É o gênero, a classe sociodemográfica e o nível de escolaridade que definem o perfil de leitura no Brasil.

Começando pelo gênero, as mulheres são 51% da população brasileira, mas 57% do total de compradores nacionais. Ou seja, o público feminino compra mais livros.

Depois, temos a questão econômica. As classes A e B têm uma participação muito maior nas vendas do mercado livreiro que as demais. Enquanto 34% dos brasileiros da classe A e 25% da classe B compram livros, apenas 13% da classe C e 5% das classes D e E têm esse costume.

Mas o fator mais decisivo para definir quem compra livros no Brasil é a escolaridade. Nove em cada dez consumidores da categoria estão em níveis acima do Ensino Médio.

A pesquisa da CBL ainda nos permite dizer que a grande maioria desses compradores de livros são também leitores, que compreendem duas ações distintas. Isso porque 74,5% dos livros impressos comprados na última ocasião eram para o próprio comprador — em vez de ser um presente para outra pessoa, por exemplo.

Quem tem esse hábito da leitura no Brasil hoje prefere comprar pela internet. Não à toa, as vendas de livros no meio digital superaram as de lojas físicas, conforme aponta o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Leia também: Vendas no e-commerce: quais são as perspectivas do varejo?

As mulheres compram mais livros que homens no Brasil. (Foto via Freepik)

Os principais motivos para não comprar livros no Brasil

Agora vamos olhar o outro lado dessa questão: quem não tem o hábito de leitura, ou seja, a maioria da população brasileira.

O “Panorama do Consumo de Livros” revela os três principais motivos para os brasileiros não comprarem tais produtos:

Entretanto, devemos analisar essas justificativas com cuidado para saber se elas procedem ou se fazem parte de uma cultura de não ler livros.

1) Livros são caros?

Se formos comparar o preço médio de um livro com o do quilo do arroz, então sim, é difícil para uma parcela dos brasileiros ter o costume de comprar livros. Ao mesmo tempo, 41,2% dos brasileiros das classes C e D trocaram de aparelho celular durante a pandemia, segundo dados da Go2Mob.

Essa justificativa também não explica o fato de que 66% da classe A não ter comprado um livro sequer nos últimos 12 meses, como aponta a CBL. Ou que, entre 2015 e 2019, as classes A e B tiveram a maior queda no número de leitores, conforme indica o estudo “Retratos da leitura no Brasil”.

Além disso, é preciso considerar todos os elementos que compõem o preço do livro. Há uma grande cadeia de profissionais e etapas por trás de cada lançamento, o que justifica o quanto se cobra pelo produto final.

— Vamos demorar muitos anos para mudar essa cultura de que o livro tem que ser um produto barato — comenta Sevani Matos, presidente da CBL, ao PublishNews.

2) Não há livrarias perto?

Isso é verdade para a maioria absoluta dos municípios brasileiros. De acordo com o Anuário Nacional de Livrarias 2023, da Associação Nacional de Livrarias (ANL), o Brasil conta com 2972 unidades espalhadas pelo País. É uma loja para cada 68,3 mil pessoas.

Se excluirmos São Paulo, onde está a maior parte das livrarias, a proporção é ainda maior. Veja Santa Catarina: o Estado tem 295 municípios e 7,6 milhões de habitantes, mas apenas 107 livrarias, ou um estabelecimento para cada 71,1 mil catarinenses.

Então, o que dizer do Maranhão, com 6,8 milhões de habitantes e somente 21 livrarias? Esse é mais um dos motivos para o crescimento das vendas on-line de livros, além da busca por melhores preços e promoções, segundo a CBL.

Leia também: Estudo revela os dados do consumo de café em Santa Catarina

3) Não sobra tempo?

Assim como o preço dos livros, essa é uma questão relativa. Realmente, a vida anda corrida. Mas há uma enorme diferença nos hábitos de lazer entre os leitores e os não leitores.

Para quem lê, a leitura é a segunda atividade de lazer mais praticada, logo atrás do uso das redes sociais. Já entre os que não compraram livros no último ano, ler é somente a 13ª atividade realizada no tempo livre, atrás das redes sociais, no YouTube, dos canais de streaming, dos jogos virtuais, dos bares e de vários outros passatempos. Portanto, esse parece ser mais um motivo cultural.

Como desenvolver o hábito de leitura?

Para os adultos que queiram incluir os livros na rotina, existem alguns passos básicos que podem ajudar:

Falando em leitura, o Negócios SC oferece diversos materiais gratuitos para você ler. Aproveite!

Compartilhe:

Veja também

Veja mais
#

Já ouviu o podcast Negócios SC? Conteúdo direto ao ponto com convidados super especiais

Ouça aqui