Em um contexto em que quase oito em cada dez brasileiros estão endividados, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a preocupação com o custo de vida no Brasil é ainda mais nítida.
Uma pesquisa da Bain & Company mostra que os preços afetam mais o ânimo do consumidor nacional que as mudanças climáticas, as circunstâncias familiares ou a situação política do Brasil. Por sinal, os brasileiros estão mais preocupados com o custo de vida que os públicos da Europa e dos Estados Unidos.
Não à toa, a maioria dos consumidores em nosso País pretende economizar em 2024. Essa é, inclusive, a principal meta dos catarinenses para este ano, de acordo com o estudo “Expectativas do consumidor para o ano de 2024”, da Fecomércio SC.
Quer entender melhor essa percepção do custo de vida e dos preços no Brasil? O Negócios SC traz agora dados sobre o assunto. Fique por dentro!
O custo de vida no Brasil
Não é novidade para ninguém que há uma discrepância entre o quanto os brasileiros recebem e o quanto deveriam receber. Por exemplo, o rendimento médio no País ficou em R$ 2.808 no último trimestre de 2023, conforme os dados do IBGE. Enquanto isso, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) aponta que o salário mínimo deveria ser de R$ 6.723,41 no início de 2024.
Esse seria o valor ideal por mês para dar conta dos gastos com alimentação, moradia, transportes etc., levando em consideração uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças.
Tal informação nos ajuda a entender por que o custo de vida é a maior preocupação dos brasileiros, de acordo com a Bain & Company. Em uma escala de 1 (nem um pouco preocupados) a 5 (extremamente preocupados), o nível de apreensão dos consumidores nacionais nesse sentido ficou em 4,07.
O resultado de novembro de 2023 ficou abaixo do registrado em novembro de 2022, quando alcançou o patamar de 4,22. Ainda assim, o nível continua bastante alto. Isso afeta até a saúde mental dos brasileiros, segundo 57% dos entrevistados.
Outra consequência do custo de vida no Brasil é que menos da metade dos consumidores chegam ao final do mês com dinheiro sobrando. Como indicam os dados do Opinion Box:
- Sobra muito dinheiro no fim do mês: 5%
- Sobra pouco dinheiro no fim do mês: 40%
- Nem sobra nem falta no fim do mês: 26%
Além disso, 29% dos entrevistados na pesquisa “Percepções Sobre Preços” revelam que chegam ao final do mês com falta de dinheiro. Daí o persistente e elevado índice de endividamento dos brasileiros nos últimos tempos.
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Quais são os principais gastos dos brasileiros?
Afinal, aonde vai parar a renda dos brasileiros? Diferentes pesquisas apontam as três principais áreas sendo a alimentação, os gastos com automóveis e transporte em geral, além da moradia e outras contas básicas.
Por exemplo, uma pesquisa da Serasa com o Opinion Box destaca os gastos que aparecem com maior frequência entre as três principais despesas dos brasileiros. São eles:
- Alimentação: 69%
- Automóveis: 67%
- Contas básicas: 62%
No entanto, é o IBGE que esclarece melhor a distribuição dos gastos das famílias brasileiras. Por meio da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) sabemos que apenas a habitação corresponde a mais de um terço do orçamento familiar no Brasil.
Distribuição dos gastos dos brasileiros:
- Habitação: 36,6%
- Transporte: 18,1%
- Alimentação: 14,5%
- Assistência à saúde: 8%
- Educação: 4,7%
Abaixo vêm outras despesas, como vestuário, higiene, lazer e cultura. Agora, vale ressaltar que os dados mais recentes do IBGE nesse caso são de 2017-2018. De lá para cá, o custo com moradia aumentou, assim como o dos alimentos. Isso empurra ainda mais a pressão sobre o investimento em educação, compras de roupas, entretenimento e outras áreas.
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Como os brasileiros procuraram cortar gastos?
Podemos ver o reflexo do orçamento familiar limitado nos resultados do comércio em 2023. O volume de vendas do comércio de tecidos, vestuário e calçados, por exemplo, recuou 4,6% na comparação com 2022, conforme os dados da Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE.
Os números da Bain & Company mostram justamente que um quarto dos brasileiros buscaram reduzir os gastos com roupas e acessórios pessoais. Alimentos (32%), contas de energia doméstica (31%) e restaurantes (27%) foram outras áreas em que o público nacional procurou economizar.
A boa notícia é que diversos alimentos tiveram redução de preço em 2023, enquanto a inflação brasileira ficou dentro da meta. Além disso, a queda no desemprego, o aumento da renda real e a redução da Taxa Selic contribuíram para a melhora do cenário econômico. O brasileiro deve ter então melhores condições para realizar outros gastos em 2024.
Por sinal, este é o momento certo de investir na comunicação da marca para atrair esse público.
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